A Cegonha-branca (Ciconia ciconia )é uma espécie que pertence à Família Ciconiidae e é uma das duas espécies do género Ciconia que constrói ninhos (nidifica) em Portugal (a outra espécie, cegonha-preta (Ciconia nigra), é bastante mais rara, existindo em montados e sobreirais do interior do País).
Tem uma altura de 100-125 cm e uma envergadura de 155-165 cm. Apresenta uma plumagem branca, com exceção das penas de voo, as grandes coberturas e as coberturas primárias, a alula e as escapulares que são pretas. O bico, pernas e patas são de cor vermelha. Na sua fase juvenil, tem o bico mais curto e quase preto e vai ficando progressivamente mais vermelho, nos adultos. Os machos são ligeiramente maiores que as fêmeas e são difíceis de distinguir em observação no campo.
Nos anos 70, as cegonhas europeias deslocavam-se para África no inverno, devido às temperaturas. Agora, tudo mudou e 80% dos espécimes adultos de cegonha-branca não sai da Península Ibérica ou, no máximo, chega ao norte de Marrocos. Estas mudanças de hábitos são justificadas pelo clima estar mais ameno e pela modificação que o Homem fez no território, com a criação de novos habitats onde encontram sempre comida, seja no verão ou no inverno. Concentram-se em algumas zonas húmidas do litoral, especialmente arrozais, onde encontram quantidades elevadas de Lagostim-vermelho, bem como alguns anfíbios.
Em Portugal, a cegonha-branca nidifica em praticamente todo o território continental, e apesar de ser considerada uma ave aquática, a maioria dos casais nidificantes utiliza diversos habitats tais como, pastagens naturais, searas, montados. Em algumas regiões, muitos casais recorrem ainda a lixeiras para encontrar alimento. Estas aves procuram alimento principalmente através da visão. Percorrem as áreas de alimentação, andando lentamente, mas com deslocações rápidas para capturar as presas. Podem, por vezes, utilizar a tactolocação (deteção de presas através do tacto, com o bico) em meios aquáticos.
A Cegonha-branca é monogâmica, geralmente, utiliza o mesmo ninho (ano após ano) e este pode atingir grandes dimensões (existem registos de ninhos com 800Kg). Os casais podem nidificar isoladamente ou em colónias que chegam a ser constituídas por quase uma centena de ninhos.
O ninho é construído ou reparado logo após a chegada do primeiro elemento do casal e a ave que se encontra no ninho recebe o parceiro com o característico bater das mandíbulas e com uma exibição de movimentos da cabeça, de cima para baixo, sendo por vezes atirada para trás. O bater do bico parece ter a função de consolidar as relações entre os membros do par.
A postura dos ovos é em Fevereiro/Março, durando a incubação pouco mais que um mês (33-34 dias). O período de permanência no ninho, após a eclosão, é de aproximadamente dois meses (58-64 dias). Cada casal pode criar com sucesso 1 a 5 crias
A incubação, a proteção e a alimentação das crias, é realizada por ambos os membros do casal. Um pormenor interessante do comportamento de proteção das crias, quando são muito pequenas, é a abertura das asas, por parte dos progenitores, para produzir sombra nas horas de maior calor.
Esta espécie escolhe árvores, construções humanas de diversos tipos, postes e escarpas fluviais e costeiras, para edificar o ninho. Nos últimos 20-30 anos, tem-se observado um acentuado aumento de cegonhas-brancas a nidificarem em postes, em particular nos da rede eléctrica nacional, tal como é perfeitamente testemunhado neste local.
Curiosidades
Durante séculos associou-se a cegonha-branca ao nascimento de crianças devido aos seus hábitos migratórios. No passado, quando regressava à Europa, para aqui se reproduzir, coincidente com a estação da Primavera, que simboliza o renascimento da vida, tornou esta espécie, ao longo dos tempos e até hoje, num símbolo de fertilidade.
No séc. XVI foi encontrada uma cegonha no centro da Europa, que possuía uma ferida cicatrizada com um pedaço de flecha enterrada e originária de África. Foi assim possível, pela primeira vez, perceber que as cegonhas atravessavam o Mar Mediterrânico.
Coordenadas: 38.569956,-9.034217
ATIVIDADES:
OBSERVAÇÃO: com a utilização de binóculos, observar os ninhos de cegonhas-brancas – registar a interação entre pais e as suas crias; o tamanho dos ninhos; o número de ninhos existentes nesta colónia.
ESCUTAR: sons intensos emitidos pelas cegonhas-brancas e identificar a sua origem (bater dos bicos).
CIÊNCIA CIDADÃ: observar, com recurso a binóculos, outras aves para além das cegonhas (consultando Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves www.spea.pt); registar as aves identificadas e contribua para Ciência cidadã: contribua para o 3º Atlas das Aves Nidificantes (https://www.spea.pt/voluntariado/ciencia-cidada-contribua-para-o-3o-atlas-das-aves-nidificantes/)
DESAFIO: Entre as 11:00 h e o 12:00 h decorre o treino de voo, em que se visualiza os pais a ensinar os filhos a voarem – registar em vídeo/ publicar no youtube.
Sites:
-Issue: https://issuu.com/animepaf.org/docs/daaot_amostra
- Anime: https://issuu.com/animepaf.org
- Wilder: https://www.wilder.pt/naturalistas/cinco-curiosidades-sobre-a-migracao-das-cegonhas-portuguesas/
-Naturlink: http://naturlink.pt/article.aspx?menuid=55&cid=2996&bl=1&viewall=true
-Comissão Europeia: https://ec.europa.eu/info/strategy/priorities-2019-2024/european-green-deal/actions-being-taken-eu/eu-biodiversity-strategy-2030_pt
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